Os portugueses dão muita importância aos apelidos de famílias tradicionais, gostam de os usar, mas arriscam pouco quando decidem os nomes dos filhos, ao contrário dos brasileiros, para quem o diferente é que é «chique»
Esta é uma das conclusões do livro "Nomes: Géneros, Etnicidade e Família", dos antropólogos João de Pina Cabral e Susana Viegas, que vai ser lançado na quarta-feira, em Lisboa.
«As famílias em Portugal têm muito poucos nomes próprios. Repetem os nomes que são dos antepassados mais importantes e a certa altura os primos têm todos os mesmos nomes. Depois vão dando alcunhas uns aos outros para se diferenciarem» , disse o antropólogo João de Pina Cabral.
Outro fenómeno que se verifica é que quem tem um apelido «sonante», mesmo que não seja o último nome, faz questão em o usar.
De acordo com o antropólogo, mesmo não sendo proveniente de uma família tradicional, o português comum «não gosta de ter nomes diferentes», ao contrário dos brasileiros, para quem «quanto mais diferente melhor».
Madeinusa, a Usnavy e Jáfalei são alguns dos exemplos dados por João de Pina Cabral, que garante que os brasileiros dão-se bem com esses nomes e até conseguem rir-se deles.
«Usam os nomes de maneira a fazer piadas» , disse o antropólogo, acrescentando que também no Brasil, nomeadamente em São Paulo, os apelidos têm muita importância, especialmente se forem italianos.
De realçar ainda o facto de ser muito comum entre os brasileiros dar aos rapazes o nome do pai, seguido de filho ou júnior, inclusivamente aos filhos nascidos fora do casamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário