sexta-feira, 15 de junho de 2012

Crise económica fez aumentar viciados no jogo

A problemática do jogo compulsivo vai estar em debate na segunda Convenção de Jogadores Anónimos de Portugal, que decorre domingo, dia 17, em Carcavelos, e onde haverá lugar a reuniões para jogadores e familiares, e também uma sessão de informação pública aberta a todos.
Um dos terapeutas que vai estar presente nessa sessão pública é Pedro Hubert que adiantou à Lusa que, no total da população portuguesa Portugal, haverá perto de um por cento de viciados no jogo, número que poderá não refletir com exatidão a realidade, já que não existem estudos sobre a prevalência da doença.
Ainda assim, Pedro Hubert acredita que a realidade em Portugal será semelhante à dos restantes países europeus, apontando que há uma variação entre os 0,6 por cento da população adulta no Reino Unido ou 1,5 por cento em Itália ou França.
“Mas supondo que seja um por cento da população adulta, estamos a falar à volta de cem mil pessoas, e estamos a falar mesmo de patologia, ou seja, de dependência, porque depois há todos aqueles que têm um problema de abuso, que têm problemas, mas ainda vão gerindo a sua vida”, revelou.
De acordo com o terapeuta, “o número [de viciados no jogo] tem vindo a aumentar dramaticamente”, principalmente por causa dos jogos disponíveis na internet, que facilitou o acesso “a todo o tipo de apostas desportivas, campeonatos de póquer e casinos virtuais, que têm todos os jogos que existem nos casinos”.
Pedro Hubert explicou que o que normalmente leva estas pessoas a tratarem-se é a crise financeira em que ficam depois de gastarem o que têm no jogo, e acredita que a atual crise financeira contribuiu para aumentar o número de jogadores compulsivos.
“Potencia porque as pessoas vão à espera da salvação e um bocadinho ali de um milagre e pensam: ‘eu até mereço e com um bocado de sorte isto vai correr tudo bem e resolvo todas as dificuldades do momento’. Nota-se claramente que isto acontece”, disse o terapeuta.
Em termos de perfil, Pedro Hubert apontou para alguém na casa dos 35 anos, com habilitações literárias entre o 12.º ano e a licenciatura, maioritariamente (75 por cento) do sexo masculino.
Um dos membros dos Jogadores Anónimos, que pediu para não ser identificado, explicou que a intenção da Convenção “é de alguma forma informar a população sobre a problemática do jogo”.
“Apesar de ser um tema que cada vez mais a sociedade civil está a par, ainda acha que o jogo é uma questão recreativa e não é encarado como um problema como a droga ou como o álcool. Esta convenção serve para mostrar que o problema existe, mas também que há um caminho e uma esperança”, adiantou.
Para isso mesmo haverá a sessão de informação pública, a decorrer a partir das 16:00 de domingo, aberta a todas as pessoas que queiram saber mais sobre o vício do jogo, havendo espaço para a colocação de perguntas.
O terapeuta Pedro Hubert explicou ainda que o sintoma que chama mais à atenção é a perda de dinheiro, mas alertou para idas recorrentes ao casino ou muito tempo passado em frente ao computador.

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