Sexo oral é considerado o maior causador de cancro na região da garganta. Na última década, as bebidas alcoólicas e o cigarro, que sempre foram apontados como importantes fatores de risco, foram deixados para trás pela doença relacionada ao HPV (papiloma vírus humano).
O oncologista Dr. Luiz Paulo Kowalski, diretor do Núcleo de Cabeça e Pescoço do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo (SP), disse que houve mudanças no perfil da doença, “o que antes era frequente em homens acima dos 50 anos que fumavam e bebiam, agora é mais comum em jovens que fazem sexo oral desprotegido e têm vários parceiros”.
Entre os sintomas do cancro da garganta,
destacam-se a dor persistente e progressiva na região, geralmente de um
único lado, e dificuldade para engolir.
O especialista diz que a vacina contra a
HPV é a forma mais eficaz de prevenção, e deve ser feita antes do
primeiro contato sexual.
— A cura depende da extensão da doença,
mas em estágios iniciais a probabilidade é de 90%; em casos mais
avançados a percentagem cai para 70%. Mesmo assim, é importante o
paciente redobrar as medidas preventivas porque a doença pode voltar.
O especialista diz que a vacina contra a
HPV é a forma mais eficaz de prevenção, e deve ser feita antes do
primeiro contato sexual.
Também em Portugal investigadores obtiveram uma conclusão semelhante.
O Instituto Português de
Oncologia (IPO), em Lisboa, está a diagnosticar mais casos de cancro
oral em jovens numa altura em que aumenta a taxa da mortalidade
associada à doença – morrem cerca de 300 pessoas por ano.
Todos os anos são detectados 1500 novos
casos: 1200 em homens e 300 em mulheres. E 25 por cento dos tumores
verificam-se em pessoas que não bebem nem fumam. O IPO alerta para a
relação da doença com o vírus do papiloma humano (VPH), transmitido por
via do sexo oral.
Daniel de Sousa, chefe de Serviço de Cirurgia da
Cabeça e Pescoço do IPO de Lisboa e professor de Medicina e Patologia
Oral da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, diz
que estamos perante um novo fenómeno: “Doentes oncológicos vítimas de
novos hábitos sexuais, nomeadamente do sexo oral com vários parceiros.”
O perfil tradicional do doente com cancro oral foi
alterado. “Era um homem entre os 50 a 60 anos, fumador e com hábitos
alcoólicos.”
Apesar de serem “cancros orais com uma menor
agressividade” e que “respondem melhor à terapêutica” quando detectados a
tempo, Daniel Sousa defende a necessidade de medidas preventivas,
nomeadamente “a criação de uma rede de cuidados primários que englobe
médicos dentistas para facilitar uma detecção precoce de novos casos”.
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