quarta-feira, 18 de abril de 2012

Mazgani e Kumpania Algazarra pedem ajuda aos fãs para fazer novos álbuns

O músico Sharyhar Mazgani e o grupo Kumpania Algazarra pediram ajuda aos fãs para preparar novos álbuns, a editar de forma independente, como alternativa à crise que atravessa o mercado discográfico português.

Sharyhar Mazgani, músico de origem iraniana radicado em Portugal, precisa de cinco mil euros como complemento a um orçamento para gravar o terceiro álbum de originais, que contará com produtor e convidados internacionais, explicou o "manager" Nuno Saraiva à agência Lusa.

Como Mazgani quer voltar a editar em nome próprio, decidiu recorrer ao "crowdfunding", um modelo de angariação de verbas através da Internet no qual pessoas anónimas doam dinheiro para um determinado projeto.

"Este modelo de financiamento está muito divulgado lá fora, mas por cá não tem sido muito utilizado. Se conseguirmos os cinco mil euros, creio que será um recorde", disse Nuno Saraiva, referindo que o processo começou na segunda-feira e terminará a 4 de maio.

Mazgani irá gravar o novo álbum fora de Portugal e esta opção tem a ver com "uma vontade de ir ao encontro das suas referências" musicais, afirmou o "manager", sem adiantar qualquer nome associado ao projeto, que será editado depois do verão.

Nuno Saraiva justificou aquela opção de Mazgani "na ausência [de investimento] das editoras tradicionais". "A crise da indústria discográfica é um problema de raiz, porque o modelo de negócio está ultrapassado e as editoras recusam-se a reconhecer o problema", justificou o responsável. A Internet veio dar um "empurrão" aos artistas que pretendem vias alternativas de divulgação, promoção e venda da música que fazem e aproximação da sua comunidade de fãs.

O grupo português Kumpania Algazarra optou pelo mesmo processo, porque está a preparar o segundo álbum de originais e precisa de 3.600 euros para o finalizar. Até ao momento conseguiu que os fãs contribuissem com 600 euros, disse Pedro Pereira, um dos músicos, à agência Lusa.

O grupo, que se inspira na música festiva dos balcãs e na folk, soma cerca de sete mil fãs no Facebook e bastava que metade contribuisse com um euro para atingir os objetivos.

"Está tudo a mudar por causa da música digital e notamos que, nas lojas, é muito difícil vender os discos. Conseguimos vender mais em concertos ou ações de rua", disse Pedro Pereira a propósito das estratégias que a banda adotou - tal como muitas outras - quando tem que escolher o caminho independente.

Pedro Pereira nem quer colocar a questão do grupo não conseguir reunir as verbas suficientes para terminar o disco. Contam editá-lo entre maio e junho, mas os fãs que contribuirem serão os primeiros a recebê-lo como recompensa pela ajuda.

Recentemente os You Can't Win Charlie Brown, que editaram o álbum de estreia pela editora independente Pataca Discos, pediram ajuda aos fãs, em troca de um EP gratuito, e deram um concerto quase esgotado em Lisboa para angariar verbas para uma deslocação ao festival South by Southwest, nos Estados Unidos.

Já em 2010, o músico britânico Lloyd Cole recorreu aos fãs também para gravar o álbum "Broken Record". Na altura disse à agência Lusa que a opção tiinha que ser essa, senão, "como dizia Darwin, é a extinção". Lloyd Cole convidou um milhar de fãs a doarem 35 euros, para receberem em troca uma edição especial do álbum.
"O que aconteceu foi uma questão de fé para que o meu álbum não fosse uma coisa terrível. Não sinto que eles [os fãs] tivessem dado alguma coisa, mas sim confiaram em mim e fico muito reconhecido por isso", afirmou Lloyd Cole.

@Lusa


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